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Explorando Belém
Há alguns anos, Hans e a equipa do Ocean embarcaram na sua própria era de descobertas, procurando conhecer mais a fundo a gastronomia portuguesa através de uma série de viagens ao passado. Em cada uma destas viagens, as suas experiências gastronómicas inspiram novo menu para o Ocean. Na sua mais recente viagem, começamos na cidade de Belém, no norte do Brasil...
Viemos a Belém em busca de raízes e, ao chegarmos à porta de entrada da Amazónia, rapidamente descobrimos a vibração ousada que bate no coração da comida, dos sabores e da cultura brasileira. Esta cidade portuária alberga cerca de um milhão e meio de pessoas, na sua maioria de ascendência indígena, africana e portuguesa. E que coincidência, situa-se no ponto exato onde o Amazonas se encontra com o oceano!
Para compreender as raízes gastronómicas de qualquer destino, tentamos começar pela alma da cidade - o mercado. Para Belém, isso significa o mercado Ver-O-Peso, uma experiência incrível de cor, fragrância e folclore. As rotas alimentares naturais da selva e do mar encontram-se aqui, e a incrível diversidade de produtos das bancas que encontrámos faziam-nos lembrar um fantástico posto de comércio fronteiriço.
O nosso anfitrião, Sato, um nipónico-brasileiro que vive em Belém, guiou-nos através de bancas com toldos que se estendiam desde as margens do rio até às ruas. Para além dos históricos edifícios coloniais e dos modernos arranha-céus, esta era uma cidade repleta de frutos tropicais, peixes exóticos e produtos locais únicos, como o açaí.
Ao chegar, seguimos as pegadas do capitão português Francisco Caldeira Castelo Branco, que deu o nome de Belém à cidade portuária, com o seu forte coberto de palha a assemelhar-se a um presépio. O próprio mercado data de 1688, quando os portugueses começaram a regular o envio de mercadorias de Belém para a Europa.
Naquele dia, porém, a Europa parecia distante, pois fomos brindados com um sabor de autenticidade brasileira pelo chef Thiago Castanho, do Remanso do Peixe. Servindo mandioca branca, produtos locais e um caldo de mandioca tradicional, levou-nos a criar uma memória duradoura, logo no primeiro dia da nossa viagem, uma experiência que ajudaria a inspirar a "mandioca" - uma homenagem a um ingrediente extremamente importante no Brasil e o primeiro prato do nosso novo menu.
Ao provar pratos tradicionais locais, ficámos impressionados com a paixão de preservar um património alimentar único. Foi inspirador. Sato ajudar-nos-ia a compreender melhor este facto, levando-nos a uma quinta de frutos tropicais, tão vivos, que foi como descobrir uma arca do tesouro, um tesouro das mais coloridas joias da natureza. Mais tarde, nesse dia, teríamos a sorte de colher nós próprios a manioca branca, arrancando da terra as raízes da gastronomia brasileira.
O nosso último dia foi de aventura, quando partimos para o Amazonas num barco fluvial, até à vizinha Ilha do Combú. Aqui, visitámos uma plantação de cacau, que está a utilizar métodos tradicionais, para inovar a agricultura sustentável na Amazónia. Este era um elemento que queríamos incluir no nosso próprio trabalho, por isso passámos a tarde a conhecer artesãos e artífices locais, em busca de ideias de utensílios de mesa para o novo menu.
E assim, a primeira etapa da nossa viagem estava concluída. No início da nossa viagem pelo Brasil, viemos em busca de raízes, mas descobrimos também uma cidade enigmática, de fusão e ecletismo. O equilíbrio é essencial para compreender o modo de vida daquela terra, um lugar onde os extremos se encontram, um lugar de harmonia entre a floresta tropical, a Amazónia e o Oceano. Um equilíbrio que teríamos de encontrar nós próprios, se quiséssemos captar a essência de Belém.